Globalização=Humanização


Caminhava, numa destas noites de Verão, meditando um pouco na actividade que nos espera dentro em breve e que anima já bastante trabalho de preparação que é o JOTA/JOTI. Talvez o JOTA não chegue a muitos escuteiros... Acredito que não e de certa forma compreendo dada a dificuldade que existe em acessar aos meios humanos e materiais - sobretudo do JOTA. Mas pergunto-me se o JOTA chega realmente àqueles que mais ou menos são envolvidos nele? Se participar no JOTA/JOTI é, de facto, participar num experiência de vivência e partilha escutista com outros escuteiros? E estas deambulações levaram por vários campos, por várias colinas e, sentado sobre uma porta de espaço-tempo, detive-me a pensar no que podemos hoje retirar do Jota e na continuidade que ele tem nas nossas vidas. Talvez a expressão "Escuteiro do Mundo" não faça maior sentido, nestes termos, do que em perspectivar esta globalização do escutismo no mundo pela comunicação, pelo tornar presente a distância. E pensar nisto é também reconhecer a importância que estes recursos têm na nossa forma de viver a natureza e, até antes disso, porque falamos também da natureza humana, na forma de viver e sentir a humanidade presente nas nossas vidas. Não se trata apenas de travar um mais ou menos curto diálogo extemporâneo com alguém que não vemos, ou que não conhecemos, que pode morar a alguns quarteirões acima de nossa casa ou de milhões de varas de distância de onde nos encontramos. Não se trata apenas de trocar meia dúzia de experiências e conhecimentos culturais ou de outra índole humana. Acima de tudo, trata-se de tornar presente, numa partilha sincera de um amor universal, a própria vida destas pessoas que encontramos e de a tocar e deixar ser-se tocado nessas vidas que se cruzam e se comunicam entre si. A experiência de ter alguém de outra nacionalidade, de outra cultura, de outra religião, que lê e comenta e partilha a sua vida comigo, regularmente, nas minhas ideias e nos meus pensamentos, que me trata por amigo, e que eu leio e comento e trato por amigo, torna, ainda que a milhões de varas de distância, a sua presença, bem próxima da minha, com os seus problemas, as suas alegrias, ali como se fosse na casa ao lado, como se as nossas vidas tivessem paredes em comum. Participar num JOTA/JOTI, abrir e manter um blog, fazer radioamadorismo, participar activa e responsavelmente em chat's online, é comungar da vida de todos, é globalizar esta forma de nos relacionarmos uns com os outros a que no padrão mais elevado se designa de humanidade. Neste sentido, a globalização, não só é boa como necessária. Globalizar não se trata apenas de estabelecer relações mercantilistas... ou de facilitar as bases de exploração humana com fins comerciais/industriais. A globalização deve-o ser em todos os sentidos e a comunicação é-o com uma potencialidade sobrelevada, até para compensar neste momento as desigualdades que a globalização comercial acabou por gerar. O JOTA/JOTI, um blog, etc. são oportunidades que não devemos desperdiçar para criar estes laços que aproximam as pessoas e que podem ser mantidos de diversas e variadas formas ao longo da vida. Trepemos pelas barreiras da comunicação para nos encontrarmos todos, juntos, por aí...

image: www.uwm.edu

Pontas Desfiadas

Há coisas que me fazem muita confusão...

> Como é possível alguém assumir o que quer que seja sem se envolver de alma e coração num projecto que o envolve? Que projectos de vida são estes que se estão a construir com o exemplo ausente de dirigentes, com o testemunho daqueles educador 'à patrão' - hoje estão, amanhã já não?...

> Será alguma vez realizável construir, imaginar, preparar,.. uma actividade que seja um projecto nascido do trabalho, da envolvência, do contributo, das ideias, do empenho, dos sonhos de toda a gente, vividos por toda a gente, celebrados por toda a gente,...? Ou continuar-se-á a apostar em 'Cristos' (Deus me perdoe) que servem de motivo de crítica dos sumos-sacerdotes do movimento que esperam ainda a vinda de um messias do escutismo?.... (B.P. deve ter sido só profeta.......)

> Até quando haverá necessidade de explicar as etapas de uma actividade, os timings, os locais, as oportunidades e não fazer de um projecto uma salada de ideias opiniões, realizações, críticas, a belo prazer dos intervenientes de acordo com a radiosidade do tempo?....

> Não se estará a negligenciar um pouco a formação do carácter quando se quer impor a todo o custo as MINHAS ideias, os MEUS pensamentos aos outros para garantir o apoio à NOSSA causa?... Já lá vão os tempos em que as pessoas comiam o que se lhes dava, não tinham liberdade de pensar diferente, de pensar por elas próprias e descobrir por elas mesmo, talvez até, as mesmas coisas. Se o não é já, não faltará muito tempo para que as imposições de ideias e 'pensares' em toro de um comum não será a solução para formar, disciplinar e orientar o carácter....

ECOS

Ainda se vive um pouco da festa que foi o ACANUC mas que se desvanece aos poucos, a par da menor ou maior evasão para férias que caracteriza esta época, arrumando em recordações das experiências vividas (boas ou menos boas) nos baús das nossas memórias.
É importante manter este eco vivo nos nossos corações, no nosso sentir, e barrarmos estas experiências a uma perdição - situação vulgar causada pelo tempo de jejum escutista que medeia estas grandes actividades e o retomar do trabalho - para que crie e se multiplique num potencial de energia das nossas vidas que, deixando-a fluir naturalmente ao longo do ano, motivando-nos para o trabalho nas horas de maior desânimo ou inspirando-nos nas horas de maior entusiasmo.
Parar um pouco para pensar em tudo o que vimos, ouvimos, fizemos,... também se deve tornar imposição nesta altura. Não só pelo que nos foi proporcionado, mas também pela adesão que manifestámos em cada momento... avaliar o tamanho do nosso 'SIM'. Ser, estar ou fazer, não passa somente pelo acto de ser, estar ou fazer. É muito mais. É, em cada momento, perceber, assumir e crescer com esse ser, estar ou fazer. Só assim poderemos transformar tudo isso em SENTIR. Cada passo que damos é um 'SIM'. Quem fica parado não se compromete, não assume, não sente.
Não te deixes pousar no fundo da Barragem. Mantém-te vivo no sentir da corrente!

Imaginários

Nos passados dias 27 a 30 de Julho, decorreu mais uma ACANUC (ou será ACNUC :P ) do Núcleo Cego do Maio na freguesia de Rates (Póvoa de Varzim).
As 4 secções, cada uma com o seu imaginário, viveram inseridas em ambientes diferentes do habitual.
Um facto curioso, foi a uniformidade na escolha dos imaginários, apesar do trabalho ter sido desenvlvido independentemente.

Pela ordem: astérix e os gauleses, Senhor dos Anéis (Irmandade dos 100 anos), Cavaleiros da Távola Redonda, Star Wars. Todos eles contêm, implicitamente, a necessidade de combate, de "destruição", de confronto.

Nos nossos dias parece haver a necessidade de luta, de libertação... de trepar qualquer barragem que se depare no nosso caminho... de qualquer coisa que extravaze as energias acumuladas...

O imaginário é só e apenas uma desculpa!!! :P